sábado, 29 de novembro de 2008

Resumo da notícia “Amoore e ódio”

O que há de bom nos russos é a má opinião de si próprio; ao contrário dos americanos que por mais que o presidente se engasgue, embarace e faça stand up comedy em público; por mais que a guerra lhes escape das mãos como a areia do deserto… Muitos continuam a não querer acordar do sonho americano. “Ainda bem que existe o Michael Moore.”

As pessoas que vão ver (ou não vão ver) os filmes de Michael Moore dizem: Moore é o Bush ao contrário… Moore é tão americano como os sistemas que critica; claro que ele tudo transforma, tudo recria e trafica; claro que ele não tem a mínima preocupação com o contraditório, com a isenção. Em Sicko (aplaudido em Cannes e ante – estreado no Doc Lisboa), o filme sobre a ausência de serviço nacional de saúde, universal e gratuito, nos EUA, Moore não mostra a mínima preocupação em «dar a outra parte». Moore é, acima de tudo, um desmistificador, um arrasador de certezas, um “abalador” de consciência, um colocador de perplexidade, um “desmontador” de mitos, um “desconjuntador” de versões.

A maior habilidade de Moore está na forma como consegue editar, alinhar, montar, aparelhar os materiais do costume – depoimentos, casos de vida e de morte, conversas com transeuntes, supostas tiradas ocasionais, pequenas rábulas, filmes de época, imagens de propaganda americana, cenas televisivas, as habituais e já imprescindíveis punch lines de Bush. Muito poucos conseguiram fazer de um documentário sobre um tema circunspecta, como é o do sistema de saúde americano, quase um filme de acção – e muitíssimo divertido. Da tragédia pessoal à comédia negra.

O que pode haver de mais irónico do que ver os heróis do 11 de Setembro, rejeitados pelo sistema das seguradoras americano, a serem tratados gratuitamente pelos cubanos?

Moore é um autêntico ecoponto de reciclagem de lixo ideológico. Pegou nos discursos do exército americano que se esforçam por dourar a base – prisão de Guantânamo e respondeu – lhes com a mesma arma: a demagogia, pois é. Segundo oficial, os prisioneiros de Guantânamo, entre os quais membros da Al Qaeda directamente implicados no 11 de Setembro, são tratados com muita ternura e dedicação. Dizem que têm ao dispor da sua saúde tecnologia de vanguarda, que são assistidos por pessoal médico a tempo inteiro, que têm consultas três vezes por semana, dentista e até lhes fazem análises regulares o colesterol e ao cólon. Moore faz uma descoberta: afinal há um sítio em solo americano onde o acesso à saúde é gratuito, e de boa qualidade – e o foco «cai» sobre uma imagem aérea da base cubana, a bordo, junto às águas minadas da base, Moore grita por um megafone: « Há aqui pessoas que precisam de tratamento». E estes são os «god guys», não são os «mauzões».

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